Telma Amado: "Jogar andebol no estrangeiro foi a melhor experiência da minha vida"
Telma foi uma das jogadoras portuguesas que esteve no
estrangeiro. Porque decidiu regressar?
A oportunidade de jogar andebol no estrangeiro, a um nível
profissional, foi de longe a melhor experiência da minha vida, e decidir
terminar a minha passagem nesse mundo foi difícil, mas também já estava na
altura de regressar a casa, para junto da família e propor-me a novos
objetivos.
Qual a diferença da realidade islandesa e da portuguesa, no
que ao andebol feminino diz respeito?
A diferença ainda é muita, e mais, o campeonato Islandês não
se assume totalmente como profissional, a maioria das atletas também estudam e
trabalham. As diferenças estão sobretudo na predisposição para treinar e no
trabalho individual de cada atleta, em Portugal ainda trabalhamos muito para o
Q.B.
Mas conhecendo as duas realidades também sei que é muito
difícil com o nosso estilo de vida conseguir os mesmos resultados, porque em
Portugal estudamos mais horas, porque em Portugal trabalhamos mais horas,
porque em Portugal acabamos o dia muito mais tarde, e torna-se difícil de
conciliar o querer ser atleta de topo com trabalho, família, estudos, etc…
Relativamente a diferenças mais específicas, o andebol
Islandês é mais rápido e agressivo, permite um contacto mais forte, semelhante
ao que encontramos quando competimos a nível internacional. Tendo em conta
estas características os clubes trabalham muito o aspeto físico das atletas,
treina-se intensamente todos os dias e com bidiários, porque as atletas aceitam
treinar na hora de almoço do trabalho ou das aulas.
Diferenças ainda são muitas, mas espero que com o tempo
consigamos evoluir, no sentido de trabalhar mais e melhor para aumentar a
qualidade do andebol feminino em Portugal.
Neste regresso a Portugal, do que tem visto, o campeonato
está melhor ou pior em relação à altura em que emigrou?
É difícil ainda avaliar, não fizemos muitos jogos e o
campeonato ainda vai no início, mas parece-me que as equipas são mais
equilibradas, não há tanta diferença entre as equipas do topo e as do final da
tabela. Todas podem surpreender e ganhar jogos que não seriam prováveis. E
nesse aspeto é bom, pelo menos aumenta a competitividade entre equipas, não
dando lugar a jogos “fáceis” e tão desequilibrados.
O Sir assume-se como candidato ao título. Acredita que é
mesmo possível serem campeãs este ano, sobretudo tendo em conta o enorme
orçamento que possui o Madeira Sad?
Ainda é muito cedo para assumir o quer que seja, o
campeonato é longo, estamos a trabalhar para fazermos um bom campeonato e é
claro que o título passa por ser o maior objetivo.
A Telma nos últimos anos tem sido presença constante na
seleção. Apesar de se ver alguma evolução, a seleção continua sem conseguir
atingir as grandes competições. O que falta para isso?
Julgo que a principal razão seja o facto de sermos uma
equipa jovem, onde falta a maturidade e experiência em momentos mais decisivos,
mas neste momento, o grupo que integra a Seleção A é bastante coeso e já vai
mostrando resultados mais positivos.
Temo-nos debatido com seleções muito fortes e não tendo
conseguido uma vitória, temos, de uma forma geral, conseguido boas exibições. É
importante ressaltar que, o facto de cada vez mais, termos atletas a jogar no
estrangeiro, em campeonatos mais competitivos, vai trazendo à equipa mais
qualidade e outro ritmo.
Resta-nos continuar a trabalhar e acreditar neste grupo para
conseguir vencer.
Se a Telma não fosse pivot, qual acha que seria a sua outra
posição no campo?
Não me vejo a jogar noutra posição…
Quem é a jogadora a nível internacional que a Telma mais
gosta de ver jogar?
A pivot Heidi Loke.
Qual a Guarda-redes em Portugal mais difícil de marcar
golos?
Provavelmente a guarda redes Isabel Góis.
Qual a jogadora a jogar em Portugal que a Telma teria
curiosidade em ver jogar no estrangeiro?
É uma pergunta difícil, o lote de jogadoras com potencial
para jogar no estrangeiro é vasto, mas gostava de ver a Mónica Soares e a
Isabel Góis.
E agora, saindo um pouco do andebol:
Viagem de sonho: Uma longa viagem por Tailândia, Vietnam e
Cambodia
Filme da sua vida: Hacksaw Ridge
Comida preferida: Qualquer prato de bacalhau.
Qual o treinador que mais a marcou?
Sem dúvida que todos os treinadores ao longo destes anos de
andebol foram importantes, cada um deles à sua maneira e mostrando um papel
fundamental em cada momento deste percurso.
Mas posso nomear dois treinadores que se destacaram, o André
Afra porque foi quem talvez mais me ensinou, me fez crescer e impulsionou para
que conseguisse ir para o estrangeiro jogar.
E depois o meu primeiro treinador na Islândia, Jón
Gunnlaugur Viggósson, porque para além da tática e do treino que muito que
fizeram evoluir, me ensinou que é tão importante ganhar uma bola, como festejar
a conquita da mesma! Que é fundamental estar dentro de campo e mostrar que é
aquilo que mais gostamos de fazer! Foi o treinador que em muitos jogos me
desenhou um smile na mão, para que não me esquecesse de jogar com alegria e
festejar todos os golos e defesas.
Por último, em que lugar teria que ficar o Sir para a Telma
ficar satisfeita com o desempenho do seu clube?
Os 4 primeiros é o mínimo, mas quero mais!
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