Análise da semana
Foi um fim-de-semana recheado de jogos, com alguns bem
interessantes e com um duelo entre as duas únicas equipas que apenas registavam
vitórias na competição. Inevitavelmente, esta análise tem que começar por esse
escaldante Madeira Sad- Colégio de Gaia que terminou empatado.
O Madeira Sad entrou melhor no jogo mas o momento chave do
jogo foi aos 14 minutos. Nessa altura, as madeirenses venciam por 4 golos de
diferença quando Paula Castro pediu um desconto de tempo, alterou a defesa para
uma marcação individual a Mónica Soares e logo a seguir Sara Gonçalves é
desqualificada directamente. O jogo equilibrou-se a partir dessa altura, com o
Colégio de Gaia, sem abdicar dos seus contra-ataques apoiados, a ser mais
paciente no ataque. Na segunda parte, a entrada de Joana Resende deu um maior
poder de fogo à primeira linha gaiense que conseguiu estar a vencer já muito
perto do final, mas com apenas 4 jogadoras em campo não conseguiram evitar
cometer um livre de 7 metros a escassos segundos do final, concretizado por
Filipa Correia e que deu o empate às madeirenses. Helena Soares voltou a fazer
um grande jogo, passando por várias posições em campo mas dando sempre aquela
intensidade de jogo que a equipa do Colégio de Gaia necessita. Depois da lesão
de Sandra Santiago, temíamos que o Colégio baixasse muito de rendimento mas as
campeãs nacionais continuam sem perder e Paula Castro tem conseguido alternar
as soluções, por vezes de uma forma criativa e mantêm-se na liderança do
campeonato. O Madeira Sad esteve em vantagem a maior parte do jogo mas quando Mónica
Soares perdeu fulgor (fez uma enorme primeira parte) a equipa ressentiu-se.
Achamos estranho que a principal candidata ao título abdique por completo do
contra-ataque apoiado, o que é estranho no andebol moderno. Naturalmente que
quando o Colégio de Gaia conseguiu neutralizar o ataque organizado do Madeira
Sad, sem contra-ataque as coisas ficaram muito difíceis. Mónica Soares fez um
excelente jogo mas faltou mais alguém na primeira linha que a acompanhasse. O
Madeira Sad continua invicto e continua a ser, na nossa opinião, o principal
candidato ao título, mas a equipa não pode abdicar do contra-ataque apoiado
porque o andebol moderno não se compadece com isso. Resumindo, Colégio de Gaia
e Madeira Sad continuam invictas e a serem as únicas reais candidatas ao
título. O Madeira Sad, pelo investimento feito, tem um plantel para ganhar o
campeonato mas tem que render mais do que mostrou este Domingo.
Na véspera, o Colégio de Gaia teve que suar muito para
vencer o Sports Madeira. A equipa começou o jogo apática, com muitos remates
falhados e sem grande vontade de correr para trás, o que perante o Sports
Madeira é muito perigoso. Mas o Colégio fez uma grande segunda parte, dando a
volta ao texto e mostrando o porquê de serem as campeãs nacionais em título.
Patrícia Lima voltou aos seus melhores momentos, arrancando uma grande
exibição, enquanto Catarina Ruela foi das poucas que aguentou a equipa na
primeira parte. O Sports Madeira fez um excelente jogo ofensivo e é das equipas
mais temidas em termos de contra-ataque directo com a velocidade de Cláudia
Aguiar e Jéssica Gouveia, muito bem servidas por Nádia Nunes. É uma equipa que,
como aqui já dissemos algumas vezes, pode criar problemas em alguns jogos com
os candidatos ao título. Pena que defensivamente a equipa tenha pouca
intensidade e isso lhe retire a possibilidade de lutar pelos 4 primeiros
lugares. Ana Castro esteve em evidência neste jogo. É verdade que também
cometeu bastantes erros mas foi ela que mais problemas causou ao Colégio de
Gaia, muito bem acompanhada pela incansável Jéssica Gouveia.
As duas equipas da Madeira jogaram também este fim-de-semana
contra o Santa Joana, com duas vitórias esmagadoras. Recusamo-nos a escrever
sobre esses jogos por respeito ao esforço que as jogadoras do Santa Joana estão
a fazer para participarem condignamente na primeira divisão. Ficamo-nos por
aqui.
Em Aveiro, o Alavarium recebeu o Maiastars. A equipa de
Aveiro confirmou, ao longo do jogo, aquilo que temos vindo a afirmar ainda
antes da época se iniciar: É um plantel mais fraco do que nas últimas épocas e
não terá condições para lutar pelo título. Neste jogo, a equipa defensivamente
teve sempre bastantes dificuldades em travar a equipa da Maia e quando Cláudia
Correia começou a ser alvo de marcação individual, a equipa aveirense ficou sem
soluções. Além de Cláudia Correia, destacou-se Soraia Fernandes que sempre que
recebeu a bola criou problemas mas Carlos Neiva tem que pensar em soluções para
as situações em que Cláudia Correia estiver marcada pois é algo que irá acontecer
bastantes vezes. O Alavarium não arranca bem a época, tem apenas 3 vitórias em
6 jogos e confirma-se que esta será uma época com objectivos mais modestos para
o clube aveirense. Quanto ao Maiastars realizou o melhor jogo da época. Se
temos sido bastante críticos com o desempenho da equipa maiata é porque vemos
no plantel potencial para jogar ao nível em que esteve no Sábado. José Carlos
Ribas devolveu Mariana Azevedo ao seu posto de central e a equipa ganhou
ofensividade e organização. Mesmo sem a inspiração de Diana Oliveira (a
atravessar um mau momento), a equipa da Maia esteve sempre muito bem a atacar,
com destaque para Mihaela Minciuna que fez o seu primeiro bom jogo ao serviço
do Maiastars, ao nível que se espera dela, quer finalizando quer assistindo
muito bem a pivot. Na segunda parte, José Carlos Ribas decidiu muito bem marcar
individualmente Cláudia Correia e a equipa anulou o Alavarium com a ajuda de
uma grande exibição de Ana Ursu que fechou a baliza. O Maiastars obteve assim
uma importante vitória e estamos curiosos para saber se vai dar continuidade a
esta excelente exibição pois tem um dos mais completos plantéis em Portugal.
Em Leiria a Juve Lis recebeu e venceu a equipa sensação do
campeonato, o Assomada. A equipa lisboeta fez um jogo bastante abaixo do que
tem feito. O ataque foi muito monótono, insistindo em combinações que não
estavam a resultar e foi sendo o poder de fogo da sua primeira linha que foi
equilibrando o jogo, com a facilidade de remate das suas atiradoras. Mas a
equipa não esteve à altura do adversário, sobretudo a nível defensivo onde
foram uma sombra do que habitualmente têm feito. Os seus adversários começam a
estar preparados para atacar o seu 4-2 e neste jogo isso foi nítido,
destacando-se Nádia Fernandes que está a fazer um grande arranque de época. A
Juve Lis tem vindo a subir de forma e venceu de forma convincente. Joana
Espinha a central continua a ser uma aposta ganha por parte de Marco Afra,
neste jogo muito bem acompanhada pela ponta esquerda Ana Fonseca que marcou
alguns chapéus de bela execução. Na baliza, Luana Ligeiro rubricou uma boa
exibição, sempre importante. Gostaríamos de destacar a preocupação da Juve Lis
em fazer transições rápidas, algo que antes não era muito visto na Juve Lis mas
que parece ser uma das preocupações para esta época e os resultados começam a
aparecer.
No dia seguinte, a Juve deslocou-se ao pavilhão do Sir 1º de
Maio para disputarem um jogo que estava em atraso da primeira jornada. E, como
já vem sendo tradição nos “derbys” disputados entre estas duas equipas, o jogo
foi muito equilibrado e decidiu-se apenas nos instantes finais. A Juve Lis fez
um bom jogo defensivo, anulando os pontos fortes do adversário mas não
conseguiu colocar em prática tantas vezes como gostaria o seu contra-ataque,
fruto de uma boa recuperação defensiva por parte do Sir. Joana Espinha voltou a
mostrar que é uma esquerdina em ascensão e Sara Gonçalves começa a estar ao
nível de há alguns anos atrás quando representava as selecções jovens de
Portugal. Apesar da derrota, a Juve Lis sai deste fim-de-semana com a confiança
reforçada. Quanto ao Sir, notava-se uma clara preocupação de antecipar a
recuperação defensiva e esse foi um aspeto fundamental nesta vitória.
Defensivamente, a equipa esteve muito bem mas o ataque é muito previsível e
vive cada vez mais da inspiração de Neuza Valente e de Miriam Almeida que
parece ter conquistado o seu espaço. Quando comparamos os dois plantéis e o
investimento feito, parece claro que o Sir não deveria ter dificuldades em
triunfar este jogo que valeu claramente mais pelo resultado do que pela
exibição.
Na véspera, o Sir já tinha apanhado um susto na sua
deslocação a Alcanena. Depois de ter empatado em casa com a primodivisionária
Assomada, o Sir viu-se em maus lençois diantes da outra equipa que subiu de
divisão e já dentro dos 10 minutos finais, o resultado apresentava um empate a
18, antes do Sir fazer um parcial de 3-0. Rita Neves esteve bem nas
assistências e Miriam Almeida, que até começou mal o jogo, embalou para mais
uma excelente exibição. Apesar das duas vitórias deste fim-de-semana, Paulo
Félix terá que pensar em reformular o seu ataque pois o investimento feito
neste plantel exige mais qualidade de jogo, embora como sempre temos afirmado
Sir e Alavarium na prática não são candidatos ao título. Do outro lado, esteve
um Jac que fez das tripas coração para vencer o encontro. Esteve atrás a maior
parte do jogo, mas mostrou sempre uma enorme atitude e alma e conseguiu empatar
já perto do final. A pequena Maria Malaca fez uma excelente exibição com golos
e assistências, mostrando que as mulheres não se medem aos palmos. Já as
atiradoras de Alcanena tiveram muitos problemas com a alta defesa adversária,
quer vendo os seus remates bloqueados, quer tentando assistir as pivots com passes
por cima, facilmente interceptáveis.
Além de Maria Malaca, destaque para Aurora Prata cuja adaptação à ponta
direita tem sido uma óptima aposta de Marco Santos, pois a sua eficácia é
notável. Apesar da derrota, o JAC prova que tem condições para ficar na 1ª
divisão.
Andebol salto alto quando vai fazer uma análise há segunda divisão? Será que também não são jogadoras com qualidade? Não vamos discriminar divisões! Andebol em Portugal merece valor e se ninguém começar a dar o primeiro passo mais tarde ou mais cedo está modalidade acaba! Analisem as atletas da 2 divisão que também jogam e se esforçam para obter os seus resultados! Não é só as equipas da 1 divisão que merecem o reconhecimento as outra divisão também merece para evoluir psicológicamente no andebol! Falta dos media neste ramo! Andebol é para todos e todos merecem essa divulgação
ResponderEliminarNós não fazemos como outros blogs que fazem copy paste dos resultados, classificações e está feito. Nós só falamos do que acompanhamos ao detalhe, com análises de todos os jogos vistos por nós, com análises às jogadoras e entrevistas a quem brilha.
EliminarPor isso, só acompanhamos a primeira divisão porque somos apenas 4, não temos 100 olhos, nem capacidade para fazer mais. Respeitamos muito quem joga na 2ª divisão, quem joga nos escalões mais jovens, mas nós não conseguimos fazer mais do que fazemos. E já nos sai muito do pelo conseguir colocar esta quantidade e nível de informação numa cobertura como até hoje nunca houve em Portugal no andebol feminino.