Francisca Marques: "Pedro Pereira e André Afra foram os treinadores que mais me marcaram"





Francisca fez uma excelente época passada. Será que podemos dizer que fez a melhor época da sua carreira?

Essa pergunta é um pouco subjectiva. Talvez tenha tido um pouco mais de destaque na época passada por a nossa equipa se servir tanto da 2ª linha, mas as oportunidades para aparecer também abrem espaço para o erro. Sendo ponta, a minha principal preocupação é a eficácia. Nunca tive uma época a nível sénior em que marcasse tanto, mas também é verdade que nunca tive uma em que falhasse tantos golos. É-me portanto difícil atestar que, de facto, esta terá sido a minha melhor época.

Como tem sido conciliar jogar em Leiria e estudar em Lisboa?

Um pouco difícil, uma vez que prevalece o sentimento que não estamos a apostar a 100% em nenhum dos campos, que rapidamente se torna numa constante frustração. Os meus colegas de Lisboa sabem que não podem contar comigo para quase nada, porque todos os fins-de-semana tenho de voltar para Leiria. Não preciso de um entrosamento com a equipa que seria exigido a um central ou a um pivot, mas o meu gesto técnico não sai tão naturalmente e tão direccionado, porque não tenho a oportunidade de o aperfeiçoar durante a semana. A falta de condição física também é notória.

Quem sofre mais, o andebol ou os estudos?

 Sem dúvida, o andebol. A minha área (Letras) tem poucas saídas profissionais directamente relacionadas para tanta procura, portanto uma boa média é vital. Nessa medida, tento dedicar o máximo do meu tempo enquanto me encontro em Lisboa aos estudos. O mesmo não acontece com o andebol. É uma missão quase impossível poder evoluir quando se tem um ou dois treinos semanais e um jogo ao fim-de-semana.

Certamente que leu a análise que fizemos como a grande estrela da Juve Lis. Dos pontos fortes e fracos que lhe apontámos de qual discorda?

Não discordo com nenhum; quanto muito, teria a acrescentar o 1x1 no posto específico (como ponto forte) e a recuperação no contra-ataque (como ponto fraco).

Ficou desiludida por não ter sido convocada para esta primeira convocatória da época da seleção depois de ter sido uma presença habitual no passado? 

De forma alguma. Estou bastante consciente quer das minhas capacidades e da minha condição actual, quer da qualidade das jogadoras com que partilho posição. Compreendo perfeitamente a decisão do seleccionador.

Qual é, actualmente, a jogadora portuguesa que mais gosta de ver jogar? 

Sempre gostei muito de ver a Maria Pereira jogar. Penso que é uma jogadora bastante completa, com inúmeras soluções. Fico bastante contente por ter podido ser sua colega de equipa no CJB e na Selecção.

Quem é, para si, a melhor jogadora do mundo? 

Aqui terei de ser tendenciosa. Para mim, a melhor jogadora a nível mundial é a ponta direita Jéssica Quintino, que integra a formação do Odense (Dinamarca) e a selecção brasileira.

Qual o treinador que mais a marcou? 

Tenho dois em pé de igualdade. Primeiro, o Pedro Pereira, que foi uma peça fundamental para a minha formação, principalmente para fortalecer o meu psicológico. Depois, sem dúvida que tenho de escolher o André Afra, treinador que me introduziu no escalão sénior. O André era bastante exigente e nem sempre a pessoa mais fácil com quem argumentar, mas a verdade é que até ao dia de hoje me recordo das suas palavras e tenho como referência a sua última época enquanto treinador no feminino.

Se pudesse mudar uma regra no andebol, qual era? 

Talvez a regra de expulsão através de cartão vermelho nos últimos 30 segundos. Para mim, o vermelho destina-se à falta de disciplina (como palavrões dirigidos à equipa de arbitragem) ou a acções que ponham em causa de forma séria a integridade das jogadoras, não a controlos defensivos dentro do aceitável que tenham o azar de ocorrer a meio minuto do fim de jogo. É uma regra que condiciona bastante a atitude da equipa defensora.

Qual é o seu principal “hobby” além do andebol? Ler, sem dúvida.

Um filme, um livro, uma série, uma música. Diga-nos o seu preferido em cada um destes 4. - You’re Not You, American History X e Revolutionary Road; - A Insustentável Leveza do Ser, por Milan Kundera; - Game of Thrones; - See You Soon, Coldplay.

Se um dia vier a ser treinadora, preferia treinar uma equipa feminina ou masculina? 

Penso que esse caminho não estará nos meus planos, mas talvez uma masculina.


Quem é para si a principal candidata ao título? 

Acredito que será um campeonato muito renhido entre o campeão em titulo – Colégio de Gaia – e o Madeira SAD.

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