Duarte Nuno: "Todas as equipas deviam ter um treinador de guarda-redes"

Duarte Nuno é um nome que logo associamos ao Colégio de Gaia. Trabalha com as Guarda-redes da equipa de Paula Castro e achámos que seria interessante uma entrevista com aquele que trabalha com uma das melhores guarda-redes nacionais, Jéssica Ferreira.

Duarte, como surgiu esta oportunidade de trabalhar com as Guarda-redes do Colégio de Gaia?

Eu estudei no Colégio de Gaia do 10º ao 12º ano em Animação e Gestão Desportiva e no último ano tive de realizar um estágio. Esse estágio foi feito no Andebol, na altura no escalão de juniores. Desde aí me associei ao treino específico de guarda-redes.

Jéssica Ferreira foi eleita a melhor Guarda-redes do campeonato passado, o prémio vem da forma como ela trabalha ou das qualidades que lhes estão nos genes?

Naturalmente pelos dois factores. Antropometricamente a Jéssica terá uma vantagem natural (mas não decisiva) em relação a, talvez, 90% das guarda-redes portuguesas. No entanto, é uma atleta que trabalha bastante e de forma exigente para conseguir corrigir as suas falhas. Este facto possibilitou o seu regresso após uma lesão complicada, tendo conseguido duas épocas em boa forma.

Onde se inspira para planear o treino das guarda-redes?

Costumo planear o treino de guarda-redes de forma fragmentada. Tenho uma base de dados para todos os elementos que considero essenciais (Agilidade, Velocidade de Reacção, Posicionamento, etc...). Todos os vídeos que vejo na internet por norma guardo e depois selecciono para adaptar e aplicar nos treinos.

O estudo das adversárias é feita pelas Guarda-redes, por Paula Castro ou por si?

Na verdade por todos nós. A prof. Paula analisa o jogo por completo. Eu faço a análise em casa para preparar a semana. Quando a equipa técnica reúne cruzamos informações. Em paralelo sei que as guarda-redes estão a fazer esse trabalho por iniciativa própria e nos treinos, quando abordo determinado movimento ou posicionamento um pouco mais específico, cruzo as nossas ideias com as delas.

Que comentário lhe merece o facto da selecção feminina não ter treinador de guarda-redes?

Todas as equipas deviam ter um treinador de guarda-redes. É um posto específico muito exigente, capaz de alterar o rumo de muitos jogos. A Selecção Nacional não será excepção, muito pelo contrário, mas sei que vivemos num país onde o andebol feminino não está profissionalizado e muitas vezes não é possível ter as melhores condições.

Qual é, para si, a melhor guarda-redes do mundo?

A norueguesa Kari Grimsbo, que joga actualmente no Gyor.

O Duarte é considerado, por muitas das jogadoras do Colégio de Gaia, como uma espécie de psicólogo nos momentos mais difíceis. Concorda com esta visão?

Para ser sincero não concordo. Nunca me vi nessa função.

Vê a sua carreira mais ligada ao treino das Guarda-redes ou como treinador principal?

Ao treino de guarda-redes. O posto fascina-me e é onde me sinto confortável.

Quem é, para si, o principal candidato ao título?

Penso que o campeonato será mais competitivo que o anterior. As equipas reforçaram-se, equilibraram os seus plantéis, e posto isso não consigo definir um candidato ao título.